quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Data: 04/09/08

Foto tirada pela Melissa, em uma manhã que estavamos brincando que ela era minha fotográfa, pelo resultado, já a declarei "fotográfa oficial da gravidez da Nina".


Duas visões sobre a mesma moeda: estar grávida




Poder gerar uma vida é algo fantástico, um dom feminino que nos aproxima da divindade, que torna a nossa ligação com os filhos ainda mais forte, não que eu ache que ama mais quem gerou, mas estou falando agora unicamente da única experiência que eu tenho.


Mas há um pedágio e tenho vivenciado na segunda gravidez um preço maior.


Esta semana discutindo no LV sobre gostar ou não de estar grávida , me coloquei "atualmente" como alguém que não gosta de estar grávida. E realmente tenho me sentido assim.

Sinto minha vida parada, tudo ficou suspenso e agora avalio que nossas preferências, alguns valores, posições, estão em constante movimento e fico feliz por descobrir que estou aberta para mudanças.


Hoje penso assim, porque acredito que as pessoas agem de acordo com o que estão vivendo naquele determinado momento e não é porque hoje não me sinto confortável em estar grávida, se "´por vontade divina" ficar novamente, não vá gostar. Isto me faz sentir que a medida que o tempo passa, estou me tornando mais flexível, mais tolerante, menos pesada.


Nesta gravidez fui pega de surpresa, me descobri grávida 02 anos antes do que emocionalmente havia me preparado, no início de um mestrado que há 7 anos lutava para conseguir, em razão do mestrado perdi o trabalho que gostava, mas por causa da gravidez perdi 3 que gostaria de estar. Tenho que viajar uma vez por semana, três horas para ir e três para voltar: saio de casa as 4:30 da manhã e tem dia que chego as 20:00 e ainda encontro a Mel acordada querendo brincar.


Ainda tenho que realizar tarefas domésticas que são mil vezes piores do que qualquer trabalho massante, pelo menos é o que eu sinto.


Então minha atual gravidez está envolta de um fundo emocional não muito favorável e junta-se a isso, que todos os sintomas desagradáveis de final de gravidez, como :

Já começaram bem antes do que haviam começado na gravidez da Melissa.
Eu digo e repito se eu quiser um terceiro filho, sem sombra de dúvidas: vou entrar na fila da adoção.


E também porque não tenho mais AQUELA expectativa sobre o que virá, já sei o que pode acontecer de bom e ruim, claro que levo em consideração que cada filho é um filho e fator determinante para tanto cansaço é que tenho a Melzinha para cuidar , então existe um somatório para tanta reclamação.



Agora olhem o post que escrevi mais ou menos um mês antes de engravidar e sei lá porque não havia publicado aqui.







Um dos melhores momentos da minha vida foi quando estava grávida, me sentia plena, poderosa, corajosa, invencível.


Me achava linda... curtia minha barriga e nem ligava para o tanto que estava engordando.


No quarto mês de gestação fui afastada do trabalho e passei longos cinco meses descansando.


Preparei o enxoval e o quartinho da Mel de forma bem tranquila, dormia 2 horas durante o dia religiosamente, repouso exigido pelo médico, estava com pré-eclampsia, comia muita fruta e cortei o sal, segui rigorosamente todas as orientações médicas.


No início da gravidez ouvi o conselho de uma recém mãe de prematuro que me disse para aproveitar a cidade que eu estava morando ainda temporariamente, principalmente o que ela tinha de melhor: as belas praças com muitas árvores e ouvir o canto dos passáros, pois ela trabalhava em um banco e se exigiu demais não descansando e só trabalhando.


Sábias palavras fiz exatamente o que ela gostaria de ter feito, passiei muito descalça pelas praças, sentindo a grama e recebendo toda energia da terra.


Ouvi muita música zen e contava sobre o mundo para a Melissa, todos os dias sentava em seu quartinho e conversava muito com a "barriga", lia livros, falava sobre a minha infância, sobre a minha vida, sobre a família que ela iria conhecer e sobre a mãe que eu gostaria de ser.


Tirei muitas fotos, escrevi um diário, fui ao estúdio para sessões de fotos mês a mês, cuidei de cada detalhe do quarto sem nenhuma pressa ou atropelo, quase nada ficou para última hora.


Bordei sacolinhas para a maternidade, cada dia tinha um saquinho de TNT com o nome bordado em linha rosa e fitinhas de cetim para fechá-los.


Li muito sobre recém-nascidos, bebês e educação, me preparei bastante.


Dançava muito pela casa, ouvindo música no último volume e dizendo para a Melzinha o quanto dançariamos juntas, amava minha barriga e a admirava até no vidro do microondas.


A Fátima ex-babá da Melissa já me ajudava na época e cuidava do nosso apartamento uma vez por semana.


Eu estudava para um concurso todos os dias durante quatro horas por dia, de manhã eu estudava e a tarde descansava.


Foram dias mágicos....


Apesar dos atropelos do começo - uma médica na 4º semana de gestação, sugeriu um aborto porque deduziu que a Mel estava nas trompas - tive muito enjoô ficando internada alguma vezes e pré-eclampsia, minha gravidez foi maravilhosa.


Não sentia o medo de morrer que tenho hoje, engraçado como tudo muda depois de um filho, sempre achei achei a morte um processo natural da vida, só mais uma etapa, mas hoje tenho medo de deixá-la sozinha, sem poder vê-la crescer, sem ensiná-la quando precisar, me tornei mais cuidadosa.


Não sentia medo de perdê-la tanta violência, tantos perigos, na minha barriga ela era tão minha, tão protegida, segura de todos os perigos do mundo.


Não me cobrava o tempo todo ser uma boa mãe e tampouco tinha que administrar o meu tempo, já me sentia mãe mas não tinha as dificuldades do dia a dia.




Enfim foi realmente tudo muito mágico.


Por Mamãe Fabiana às 17:48 | | 0 Aqui também pode!

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