Eu ando atarefada, ando cansada, ando sem paciência com o tempo, com o tempo que eu não tenho pra resolver tantas coisas, com o tempo que ainda falta para eu terminar o mestrado. Ao mesmo tempo que eu quero que as coisas passam depressa eu me vejo triste porque se o ano voar eu vou perder o desenvolvimento gostoso da Nina. Terça feira ela já vai fazer cinco meses e eu tenho a sensação de que ela esta crescendo dentro do bercinho, do cercadinho, do carrinho.

Porque não tenho tempo de pegá-la, passo dia inteiro no computador, meus dias se resumem a ficar enfrente a esta tela, preparando aula,orientando aluno à distância, pesquisando bibliografia e pra ganhar tempo não imprimo os textos e fico por aqui lendo, estudando pra concurso, brigando com a Mel ou parando pra brincar, cuidando da casa, levando na natação, na fono, buscando na escola.

Quando não estou aqui, estou envolvida com papéis e papéis, livros e mais livros. Eu amo de paixão estudar, adoro... mas tá um pouco demais. Estou sem foco e fico perdida, então choro. Choro porque me sinto insegura, choro porque desconto na Melissa que quer ficar perto de mim o tempo todo, fica me chamando, me mostrando toda hora suas coisas. Se na semana passada eu dizia que tudo era um mar de rosas, hoje meus olhos enxergam outras coisas, na verdade nada mudou, ela continua gostosa, a Nina continua fofa, eu continuo no fundo contente por tê-las por perto, mas o jeito de olhar mudou e mudou esta semana, porque acredito que na semana que vem tudo pode mudar. Vai ver estou entrando no meu inferno astrasl, aniversario chegando.

Às vezes eu acho que sou uma pessoa sem muita definição, hoje eu estou feliz, amanhã eu estou triste e depois brava e depois acreditanto que nada dará certo, depois eu acho que é só uma fase. Eu sempre tento ver o lado bom das coisas e pensar que todos os problemas são passageiros, a questão é que cada momento eu vivo intensamente, então se hj estou feliz eu estou MUITO feliz, se eu estou achando que tudo não está bem eu faço o maior DRAMA, mas sabendo que na semana que vem eu ja´resolvi tudo e pronto.

Eu sou meio doida mesmo e assim levo a vida, crio minhas filhas e vou envelhecendo.

Já fui bem pior, já fui mais ansiosa, mais intensa, mais briguenta, mais implicante e intolerante. Hoje estou mais light, pensando em mim e nos outros, tentando achar um equilibrio, um meio termo, sonho com a serenidade. Sonho envelhecer, não tenho medo deste tempo, aliás eu penso nele sempre, tudo que posso ganhar de experiência com o passar dos anos, até agora o tempo foi generoso comigo, me trouxe mais calma, me trouxe um casamento estável, me trouxe amigos de verdade e filhas pra completar minha vida.

Não posso reclamar, aliás não posso, mas reclamo sim e quem não o faz. Cheguei a conclusão que quero me livrar das culpas, ela sempre vão me perseguir como esta que esta me incomodando de ver a Ninoca tão longe dos meus braços. E eu que peguei tanto a Mel que andei tanto com ela pela casa, mas ainda há tempo, ainda há muita coisa para viver com ela. Agora preciso de foco, não posso achar que sou uma MULHER INCRIVEL hoho olha que sou heim, mas to falando da personagem que se estica e consegue mil coisas ao mesmo tempo.

Tem horas que eu acho que desenvolvi super poderes e pronto vou dar conta de tudo, percebo que estou longe disso e fico angustiada, me sinto insegura pra um monte de coisas e pronto tudo desanda e começo a me perder em tantas atividade, sobra pra quem estiver perto, ou seja Melzinha na maioria das vezes.

E como sou louca varrida, descobri que não sei falar não. Não consigo nem pra mim quando começo fazer umas coisas paralelas a tudo que preciso fazer, como começar uma horta no meu quintal, mas olhando assim isso tem sido muito bom, eu dedico 20 minutos todos os dias de manhã, quando o sol ta bem fraquinho, é tão revigorante mexer com a terra, comecei faz uma semana, também no findi tenho feito bonecas de pano para o aniversario da Nina e olhado umas revistas com a Mel, corto e colo tudo que acho interessante. E não consigo falar não para as pessoas de fora, sei que não poderia estar orientando uma aluna em seu TCC, estou fazendo a minha como vou me dedicar à ela, não poderia pegar um projeto de pesquisa da faculdade, não poderia aceitar dar mais aulas, mas não consigo.

Aliás fico pensando de onde está surgindo essa dificuldades de falar não. Eu não gosto do pediatra da Nina, ele é estupido, arcaico e não gosta de crianças pelo visto. Mas eu acabo ficando com dó dele e continuando, fala sério que se médico precisa da minha piedade? Mas na hora do vamos ver eu nunca desmarco a consulta, acabo sempre voltando. Fala sério, eu não existo.